Exercício de Escrita
Texto. Como escrever uma página inteira sem dizer absolutamente nada
Complicado? Nem por isso, é deitar as palavras livremente sem restringir o pensamento, o conteúdo é nenhum por isso o tema é nulo e no final de tudo foi tudo dito - porque não havia nada para dizer. E nesta deambulação já vamos em 3 fofinhas linhas.
Adjetivos! Podemos por os que quisermos, as linhas podem ser fofas, grandes, pequenas ou catastróficas. Ou claro, melhor ainda podem ser tudo. Assim a frase acima pode ser estendida da seguinte forma: “em 3 (…)” fofas grandiosas coloridas e silenciosas “(…) linhas.”. E o melhor é que há tantos adjetivos quantos queiramos, e podemos até inventar mais, ou personificar tudo e mais alguma incluindo… o nada.
Vazio! Há quem diga que é frio, escuro e solitário. Na minha imaginação prefiro por outro lado vê-lo como o branco, o claro monótono, mas nem frio nem quente (aquela temperatura ideal de quando o verão se aproxima), é simples e sem surpresa de ninguém… vazio. Mas não é agressivo como o escuro, nem gélido como a neve.
Branco! Na pintura é o tubo que se esvazia mais rapidamente, na física é a luz do sol e contém todas as outras cores. No branco pudemos pintar o que quisermos, no papel escrever o que florir à ideia, na vida criar um destino que satisfaça a imaginação. Há, pois, quem tenha a audácia de transformar o branco em preto, o branco em tudo, o deixar o branco em nada. Mas se o branco é tudo e pode ser nada, e, é nada e pode ser tudo, é também ele o seu verdadeiro oposto; a não ser que o preto seja nada e possa ser tudo, e, seja tudo e possa ser nada.
Opostos! Atraem-se, completam-se, repelem-se, cruzam-se e juntos são o tudo. A simples verdade que quero aqui compartilhar é que uma linha é no infinito um círculo. Sabeis que, por exemplo, o zero sendo ele o centro e os infinitos os extremos, num referencial cartesiano ortonormado. Pois digo-os, de plena confiança, que os infinitos se unem no finito, que os verdadeiros opostos são o infinito e o zero, e que mesmo esses se podem interlaçar como se a linha nunca tivesse sido uma linha. Por que claro, nunca o foi. E nas opiniões políticas, pois digo, os extremos unem-se, e tornam-se um só. Não existe esquerda nem direita, nem mais nem menos, só extremos unidos e pontos nulos, e este aro pode ser rodado quantas vezes queira, que o ciclo se repete.
Linhas! São uma mentira da observação, que na verdade, se nos aproximamos muito (-inf), ela é torta, ora se nos afastamos muito (+inf) descobrimos a sua curvatura. Tudo bem, para fazer janelas até dá o seu jeito que sejam direitas, mas eu pessoalmente prefiro curvas. Disse-me alguém que prefere linhas, pois que seja, mas elas são na verdade curvas, portanto o que pareciam opostos, estão na verdade contidos.
Curvas! Formas difíceis para a mão do ser humano desenhar, as preferidas da natureza para criar. Olha à tua volta, olhaste 2 radianos, e descobriste que vês o mundo de forma circular, descobres que o mundo é redondo, que os cantos da tua secretária não são assim tão retos, que o teu olho é uma esfera e a nuvem não é reta. A parede e o papel são rugosos, o cortinado não foi bem recortado e o som anda às ondas como o mar. Não andas em linha no passeio nem ele está bem feito, e quando pensaste que discordavas no outro dia de outro alguém… era mesmo esse o caso? Não há linhas direitas, são todas curvas e tortas, e é isso que as torna giras como tudo o que te rodeia.
E por fim todas as curvas são círculos, fechados, sem princípio nem fim, sem começo sem termo. Portanto, voltamos ao início para fechar o ciclo do texto que nada diz, mas muito refere, foi complicado?
20 de fevereiro de 2022
LM